Uma das coisas mais legais do dia internacional da mulher é conhecer figuras que ainda não havíamos escutado, e que uma vez descobertas, não esquecer de sua importância, principalmente pela riqueza de detalhes. E nessa data, não podemos esquecer da primeira advogada brasileira, Myrthes Gomes de Campos.
Nascida em Macaé, Rio de Janeiro, em 1875, Myrthes fez história não apenas por ser a pioneira da nossa profissão enquanto mulher, mas fazer isso em uma época bem complicada quanto aos direitos das mulheres.
Vamos conhecer um pouco dessa trajetória que vai servir de inspiração para quem deseja exercer a profissão, assim como ressaltar o que faz a diferença no que trabalhamos por aqui.
A trajetória desafiadora da primeira advogada brasileira
A virada do século XIX para o XX foi um período de transição mais do que temporal. As primeiras décadas do novo século seriam fundamentais para estabelecer alguns dos modos de vida como conhecemos hoje, mas para alguns casos ainda era bem retrógrada, como era o caso da profissão de advogado.
Naquela época, o Direito era visto como uma profissão “viril”, de homens fortes, tendo pouco ou nenhum espaço para a presença feminina, tida como inferior. Todo esse cenário tornava a possibilidade de uma mulher se formar como advogada ser bem difícil, o que não foi o caso de Myrthes.
Formando-se em 1898, Myrthes ainda levaria 8 anos para registrar seu diploma e ter a autorização para trabalhar. Devido à discriminação, sua presença era questionada até mesmo pelo presidente da corte. Com a ajuda do amigo Vicente de Ouro Preto, conseguiu sua licença.
A chegada ao Tribunal do Juri e seu ativismo
Logo que conseguiu sua licença para exercer a profissão, Myrthes começou a atuar no Tribunal do Júri, no Rio de Janeiro, sendo uma profissional efusiva em suas ações, inclusive em um caso onde venceu um promotor imbatível na justiça. O caso ganhou repercussão tanto pelo feito, como pelo fato de ser uma mulher a fazê-lo.
Em 1924, foi encarregada de agir na jurisprudência do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, papel que exerceu por 20 anos. Durante todo esse período, atuou em diversas causas, como o advento do divórcio, bem como maior liberdade à mulher dentro do casamento, além das questões femininas em segmentos operários.
Na época, foi muito criticada e até mesmo acusada de “promover a dissolução da família brasileira”, quando na verdade apenas buscava uma voz e espaço que devem ser naturais a toda pessoa. Em 1922, já dentro da Federação Brasileira pelo Congresso Feminino, Myrthes foi orada do I Congresso Feminista Internacional, de 1922, onde começou a luta pelo sufrágio universal feminino no Brasil.
O legado de Myrthes Gomes de Campos
Myrthes faleceu em 1965, aos XX anos. Seu papel na advocacia foi de grande alcance, destinando-se principalmente a suas conquistas de espaço e de luta pelos direitos legais das mulheres atuarem na advocacia, e de uma forma mais ampla como profissionais em segmentos antes destinados apenas para os homens.
Incrível sua trajetória, não é? É muito importante saber quem nos precedeu em aspectos que hoje ainda possuem sua cota de desafios, mas que já são bem diferentes de tempos passados. Então nesse dia internacional da mulher, valorize aquelas que sedimentaram o caminho para que novas e incríveis mulheres façam história. Até o próximo artigo!
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